A Confissão do Diretor
(Carta apresentada à imprensa durante o Festival de Cannes. post original em http://cinemascopiocannes.blogspot.com/)
"Dois anos atrás, eu sofri uma depressão. Foi uma experiência nova para mim. Tudo, não importava o quê, me parecia sem importância, trivial, não conseguia trabalhar.
Seis meses depois, como um exercício, escrevi um roteiro. Foi um tipo de terapia, mas também uma procura, um teste para ver se conseguiria fazer um outro filme.
O roteiro foi finalizado e filmado sem muito entusiasmo, feito de uma maneira que usou aproximadamente 50% das minhas capacidades físicas e intelectuais.
O trabalho no roteiro não seguiu meu modus operandi de sempre. Cenas foram acrescentadas sem nenhum motivo. Imagens foram compostas sem lógica ou reflexão dramática. Elas geralmente vinham de sonhos que estava tendo na época, ou de sonhos que tinha tido em outros momentos da minha vida.
Mais uma vez, o assunto era a "natureza", mas de uma maneira diferente e mais direta do que antes. Mais pessoal.
O filme não contém um código moral específico e contém o que alguns poderão chamar de "necessidades básicas mínimas" em termos de trama.
Eu lia Strindberg quando era jovem. Li com entusiasmo o que escreveu antes que ele foi para Paris onde virou alquimista e durante a sua fase lá... o período conhecido como "crise do inferno" - será que Anticristo foi a minha crise do inferno? Minha afinidade com Strindberg?
De qualquer forma, não tenho como pedir desculpas por Anticristo, além da minha crença absoluta no filme - o filme mais importante de toda a minha carreira!"
Lars Von Trier, Copenhagen, 25/3/09
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