As costas despelando depois do dia de sol (não qualquer um: a quarta-feira mais quente e linda do ano!) foi culpa da mania hereditária de não pedir ajuda.
Mas o despelar, a pele queimada, morta, só senti uma semana depois, no banho.
Prevendo a dificuldade de dar conta disto também sozinha, dirigi-me às Lojas Americanas mais próximas.
O objeto de desejo: um escovão.
E lá estava: entre, buchas e fivelas de cabelo, o derradeiro atestado da minha total independêcia.
Aí bateu uma angústia esmagadora, uma tristeza de não ter quem esfregasse as minhas costas no banho... e a sensação de que se eu comprasse aquele escovão estaria assumindo uma longa vida de banhos sozinha e costas despelando.
Pensei em mim mesma na frente do ventilador, olhos arregalados tentado tirar um cisco do olho direito, ou caída no chão da cozinha com uma crise de ciático, ou então tendo que tomar um milk shake de ovomaltine sozinha, ou colocar eu mesma o termômetro e checar a temperatura, ou tendo que passar o protetor solar fator 250 quando a camada de ozônio já tiver virado uma lenda! e dezenas de outras pertubadoras projeções...
o escovão? deixei nas Lojas Americanas da Rua das Laranjeiras.. pendurado, com aquela cara de quem descobre um segredo : sim, eu sou uma romântica incurável!mas não conta pra ningém, por favor...
adequado
Há 7 anos