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egofagia

eu tenho esse desejo estranho de me dilacerar... retalhar a carne, fatiar os ossos,
desfiar os sentimentos e distribuir pelo mundo como lembrancinhas de viagem:
"fui à amanda e lembrei de você".
uma vontade de fim e de eterno, de expansão e fragmentação,
como se fosse possível estar em todos os lugares e amar todas as pessoas
e ao mesmo tempo me livrar mim.

transtorno (ou mensagem aos idiotas do mundo)


já passei as correntes e fechei as trancas.
vaideretro!
figa
saravá três vezes
arruda
pinhão roxo
e espelho na porta
não há nada aqui que interresse
não há nada a cobiçar
essa vidinha de merda é minha

Re.:"querida"

Difícil encontrar a mim mesma ... às vezes me perco e fico sem me ver durante dias, semanas ... tenho procurado embaixo de entulhos, dentro gavetas e bolsos, na mala ainda fechada em cima do guarda roupa ... outro dia! me vislumbrei num bilhete esquecido dentro de um livro de sebo... coisa breve... talvez tenha me confundido...

e agora essa possibilidade de voltar... de revisitar o passado ( ou seria um presente paralelo?) ... começo a rever meu reflexo no espelho da colher... reflexo de dentro (os espelhos planos só nos mostram a superfície): olhos esbugalhados num olhar perplexo de quem encontra um fantasma no momento sonâmbulo do primeiro gole de café ...

ps. “querido”, é verdade que só se escreve em momentos de perplexidade... no momento do susto... como naquele em que se olha pra baixo e vê-se um corpo inteiro sem cabeça e essa coisa frágil, estrangeira e imperfeita é você mesmo! Ou quando se envia gritos pro universo e a mensagem bate no ponto inesperado, ecoando de volta avessa e real como o reflexo na colher...